Amor à Vida: Pressão alta não é indicação de cesárea!

terça-feira, 21 de maio de 2013


Eu não tinha assistido ao primeiro capítulo da novela "Amor à Vida", quando a timeline do meu Facebook foi inundada com opiniões revoltadas de quem viu o personagem com hipertensão tendo um parto normal. Hoje procurei a novela no Youtube e assisti o capítulo inteiro antes de me manifestar.

Impressionante como o parto normal sempre acaba sendo o vilão dessas cenas que vemos em filmes e novelas. Se fosse uma cesárea, e o personagem tivesse sobrevivido, o médico se tornaria um super herói e a cesárea a salvadora, e se mesmo assim o personagem tivesse falecido, não teria outro jeito, e a equipe médica teria feito de tudo que estava ao alcance para salvá-la, e nesse caso, a via de parto escolhida também não seria culpada.
Ao contrário, quando a morte é o fim depois de um parto normal, a culpa é a via de parto. (ponto) Nada mais é discutido!

O que tem acontecido no Brasil é que qualquer "unha encravada" tem se tornado motivo para cesárea, e a novela mostra uma gestante chegando na maternidade em trabalho de parto com pressão alta, e morre durante o parto.

O mais correto, de acordo com a realidade obstétrica do Brasil, seria a novela retratar a parturiente ser encaminhada para a cesárea e falecer. Seria mais realista, pois atualmente, dificilmente uma mulher consegue ser submetida à um parto normal, mesmo sem complicações. Normalmente, se não há complicações, o médico inventa um motivo para que ELE não tenha o "trabalho" e a disponibilidade de acompanhar um parto normal. No caso de gestação de risco, jamais!

Bom, mas se o caso não é a cena mal feita da novela e sim, como é o procedimento correto em caso de pressão alta, vamos lá!

No Manual Técnico para Gestação de Alto Risco, do Ministério da Saúde, diz:
"O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas. Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada. A indução do parto deve ser realizada de forma intensiva assim que a decisão para a interrupção for tomada. Em gestações longe do termo nas quais o parto é indicado e com condições maternas estáveis o suficiente para permitir que a gravidez possa ser prolongada por 48 horas, os corticoides devem ser administrados para acelerar a maturidade pulmonar fetal. A abordagem intensiva para a indução inclui um ponto final claro para o parto, de cerca de 24 horas após o início do processo. Em gestações ≥34 semanas com colo imaturo, recomenda-se realizar amadurecimento cervical sob monitoração intensiva. Se o parto vaginal não puder ser efetuado dentro de um período razoável de tempo, deve-se realizar a cesariana." (pág. 37 e 38).


Ou seja, se for caso de pressão alta não se espera chegar em trabalho de parto, a gravidez é sim interrompida, mas sob um planejamento, com corticoides para acelerar a maturação do pulmão do bebê, e 48 horas depois a indução do parto realizada de forma intensiva, porém com um prazo limite de até 24 horas após o início do processo, antes de realizar a cesariana, se necessária.

Agora vamos falar a verdade?! O médico já terá que interromper a gestação de qualquer forma (já é poupado de inventar uma desculpa), será que ele está preocupado em "evitar o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas", ou mais preocupado em evitar o seu próprio estresse ao acompanhar uma gestante em caso de indução de um parto de risco, que pode durar até 24 horas, deixar de cumprir sua agenda do consultório, e ainda não ganhar mais por causa disso?

E antes que alguém venha aqui dizer que passou por essa situação, foi submetida à uma cesárea salvadora, e está aí, "vivinha da Silva", quero dizer que tal pessoa foi muito sortuda e abençoada, pois de acordo com as estatísticas, correu sério risco de vida!

Sabe por que?

Porque mulheres submetidas a cesárea tiveram 3,5 vezes mais probabilidade de morrer (entre 1992-2010), sendo que hipertensão foi a maior causa dessas mortes (1990-2010).



Viram?!

Bom, e para completar, a novela mostrou dois partos normais no mesmo capítulo, sendo que no outro a gestante quase morre também. Parece encomenda "pracabá" de vez com a vontade das mulheres de terem parto normal. Absurdo!!!

Em termos de marketing/publicidade acertaram em cheio, a novela causou o maior bafafá!
Né não?!


Beijocas!

8 comentários:

  1. Triste ver o numero de pessoas sem informação não é mesmo!!!

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  2. Adorei o post Line e concordo com você.
    Aliás, sou totalmente contra a cesárea a não ser que tenha um risco real de morte tanto para o bebê quanto para a mãe, ai sim ela salva vidas. Mas fora isso é ridículo a quantidade de cesáreas que temos no Brasil, tanto por que médicos não querem ter o trabalho e querem ganhar mais e economizar no tempo, quanto as mulheres que acha que é mais facil que nao sente dor na hora do parto e tudo o mais. Se elas soubessem o risco que estão correndo ao se submeter a uma cesárea elas jamais optariam por isso. Veja bem, estou falando de opção e não de necessidade! O risco é tanto que você ve que em outros países - inclusive aqueles bem desenvolvidos e com uma ótima saúde e preparação - as mulheres tem PAVOR da cesárea pois é uma cirurgia de risco, e só fazem em ultimo caso quando nao tem outra opção, ja no Brasil o pavor é do parto natural e da dor que vão sentir. Sinceramente a dor que se sente em um parto é grande, mas não é nada insuportável, porque se fosse ninguém estaria aqui. A mulher foi feita para parir assim e é assim que deve ser. (a não ser é claro na situação que eu falei sobre a necessidade real da cesárea)
    Enfim essa é a minha opinião! kkkk
    Beijos

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  3. O meu caso foi esse: pressão allta, infecção urinária, duas voltas do cordão e gravidez de risco. Procurei uma obstetra à favor do parto normal e, com muito sacrifício, encontrei. Todos esses "imprevistos" geraram indicação para cesárea mas insisti no parto normal que foi induzido com 38 semanas e estamos aqui, mãe e filho, super bem.

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  4. São dados importantes e que ficam mascarados ne? Num imaginário distante....
    Tirando isso, a novela é ótima! hehe E olha que eu não costumo assistir! hehehe
    beijao

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  5. Interessante é que as mulheres de antigamente, na época de minha avó, e em tempos remotos como na época bíblica, as mulheres tinham um filho por ano, todos partos normais, muitas vezes gêmeos, sem médicos, em casa mesmo, com parteiras ou até sozinhas e não morriam tantas mulheres de parto como hoje em dia!
    Meu parto foi cesárea, embora eu quisesse muito o normal, a médica disse que eu não aguentaria pois meu filho nasceu muito grande. Td bem, aceitei, mas por ter sido cesárea, perdi a coragem de ter normal. Hoje optaria por cesárea novamente...

    Ótima matéria Line!

    Bjs.

    Aline - www.bomboneca.blogspot.com.br

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  6. Claudia,

    Tenho fé que isso vai mudar! O assunto tem sido largamente discutido, ainda bem!


    Ana,
    Tenho a mesmíssima opinião!

    Vanessa,
    Que bacana! Você escreveu o relato de parto?
    Quero ler!

    Helena,
    Também adorei a novela! rsrs
    Fui assistir o primeiro capitulo no Youtube, e agora estou assistindo todos os dias.
    Tirando a filosofia espírita que o Walcyr Carrasco sempre deixa claro nas novelas, e não é o que eu acredito, gosto de suas novelas.

    Aline,
    Penso que cesárea não é opção, é falta de opção, quando realmente não há possibilidade de parto normal, por exemplo por descolamento da placenta, prolapso de cordão ou placenta prévia.
    Também acho que parto natural domiciliar não é uma opção, pois se não for uma gestação 100% segura, não tem como, mas pode ser uma opção se estiver tudo ok, como foi no meu caso.


    Beijos, meninas.
    Muito obrigada pelos comentários!
    =)





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  7. Tive três cesáreas devido a pressão alta, altíssima, chegava com medicação a 25 x 19 e estamos aqui eu e meus três rapazes perfeitinhos, super inteligentes e super saudáveis. Ou seja: ha casos e casos

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