Olá!
Hoje vim contar para vocês o meu relato de amamentação prolongada e do desmame natural do Davi.
Confesso que durante a gravidez do Davi o alvo das minhas pesquisas foi em relação ao parto, e não li muita coisa sobre amamentação, sabia apenas o principal, que o ideal era amamentar exclusivamente até os 6 meses, e em livre demanda, ou seja, sem horários pré estabelecidos. Também sabia que sentir dor ao amamentar, apesar de ser comum, não era normal, era sinal que a pega estava errada, e que se corrigisse a pega da mamada, tudo ficaria bem, e por isso prestei atenção em como seria essa pega correta.
Sabia da necessidade de sugar, mesmo quando a fome estava saciada. Tirando isso, acho que não sabia mais nada, mas confiava no meu instinto mamífero, no meu corpo e que qualquer dificuldade seria rapidamente superada, sendo assim, nenhuma mamadeira fez parte do enxoval.
O Davi nasceu no dia 31/12/2009 às 7h35, e em poucos minutos puder comprovar com meus olhos a sua necessidade de sugar, pois mamou de verdade nos primeiros minutos de vida, dormiu tranquilamente, mas também achou um jeito de se acalmar sozinho, chupando seu dedinho. Já nasceu "independente". Engraçado é que não sentiu muita necessidade de chupar os dedos novamente, de certo porque a amamentação foi suficiente para saciar suas necessidades.
O leite desceu no 3º dia, ainda bem que foi justamente no dia da visita pós parto da minha parteira, que me encontrou com os seios empedrados de tanto leite e pode me ajudar e me ensinar como fazer a ordenha manual.
O Davi sugava muito bem, sem preguiça, acho que por isso as mamadas eram bem curtas, raramente durava mais do que 10 minutos, porém, me solicitava várias vezes do dia e da noite. Algumas noites perdia a conta de quantas vezes amamentei, sei lá, umas dez vezes.
Com essa força toda de sucção ainda antes da pega ficar perfeita, é claro, os mamilos começaram a rachar. Fomos acertando a pega, ao mesmo tempo que dava um tempo de amamentar com a mama que estava mais sensível, enquanto cuidava com bepantol.
Logo a pega se acertou, os mamilos saravam e pudemos enfim curtir a melhor parte da amamentação, o apego, o aconchego. Ele ficava tranquilo, protegido e saciado em meu seio, e eu, igualmente, sentia-me satisfeita por conseguir nutrir, saciar e proporcionar tanto conforto à um ser tão dependente de mim como era meu filho naquele momento.
Amamentar meu filho era algo natural, normal, não importava a hora e o local. Recusava-me a "esconder-me" e não me intimidava com os olhares de curiosidade ou reprovação. Aliás, amamentar era praticamente um protesto, porque é simplesmente um absurdo que ainda exista tanto tabu com a amamentação, justamente em meio a uma sociedade de mamíferos.
E assim conseguimos completar o tempo, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde, de 6 meses de amamentação exclusiva. Decidi não voltar a trabalhar depois da minha licença maternidade, e o grande motivo dessa decisão, foi por causa da amamentação, pois sabia que se eu voltasse, ele poderia continuar mamando, mas não seria amamentação exclusiva até os seis meses, e a introdução de alimentos teria que ser muito mais rápida também.
Com 6 meses comecei a oferecer papinha de fruta, aliás, melhor especificar que dava fruta amassada (pois já vi receita de papinha com açúcar dada pelo próprio pediatra). Essa introdução foi muito lenta, dei apenas frutas ainda por uns 2 meses, e quando comecei a oferecer papinha salgada, a introdução também foi lenta, respeitando o ritmo do Davi, dando tempo dele se acostumar com cada sabor novo que era oferecido.
Sendo assim, completamos a introdução de alimentos quando ele já tinha 1 ano, e até lá, o leitinho da mamãe continuou sendo seu principal alimento. Quase não comeu papinha, pois tão logo começou a comer, ele já estava preparado para comer a nossa comida. Como já falei AQUI no blog, quando essa fase chegou, sentava ele em meu colo (nunca tive cadeirão), e comíamos no mesmo prato. Ficava com o meu garfo e com a sua colherinha, então ia comendo e dando a mesma comida para ele. Aos poucos ele queria colocar a sua comida na boca, mas antes eu colocava a comida na colher, e aos poucos estava pronto para comer sozinho, então passei a fazer lhe um prato separado.
Bom, lembra daquela falta de vergonha de amamentar em público?! Tudo ficou diferente depois que o Davi fez 1 ano e meio, afinal os olhares não eram de curiosidade, mas de total repugnância, reprovação. Sentia-me muito mal, e não queria estar incomodada, pensando na reprovação dos outros enquanto amamentava, então quando percebi já estava amamentando apenas se estava em algum lugar afastado dos olhares.
Nessa fase, lembro de uma vez estar na área infantil de uma grande livraria, o Davi queria mamar, mas eu o distraí com alguma coisa, e minutos depois, uma menina que devia ter cerca de 6 anos abre a bolsa da sua mãe, pega uma mamadeira. Aquilo foi um "tapa na cara", me senti péssima! Eu tinha vergonha de fazer algo que era certo em público, enquanto aquela mãe não estava nem se importando que a filha de 6 anos mamasse uma mamadeira em público.
Seguimos com a amamentação em livre demanda (menos em público), até os 2 anos e 8 meses, quando o Davi começou a mamar apenas para dormir, isso é, na hora da soneca da tarde, à noite, e de madrugada, e sim, ele ainda acordava durante a noite para mamar, e às vezes mais do que uma vez!
Com 3 anos ele começou a frequentar a escola no período da tarde, mas não abria mão da soneca. Chegávamos às 17 horas em casa, ele pedia para mamar, e dormia até as 19 horas. Depois de um tempo ele deixou de dormir à tarde, e também deixou de acordar de madrugada (graças a Deus), e por isso mamava apenas 1 vez, à noite, antes de dormir.
Então essa única mamada do dia começou a "falhar". Às vezes quando eu saía do banho ele já estava dormindo, às vezes a gente saía à noite e ele já vinha dormindo no carro e continuava dormindo depois que o colocávamos na cama. Algumas vezes ficava 2 dias sem mamar. Uma vez ficou três dias sem mamar. Confesso que no terceiro dia quando saí do banho e vi que ele já havia adormecido fiquei triste... Meu meninininho já era um rapaz! Não precisava mais de mim para adormecer, já era independente, e e logo vai querer morar sozinho (#aloka), por isso fiquei feliz que no dia seguinte ele me pediu para mamar.
Já sabia que ele estava pronto (até mais do que eu), e que se eu desse uma ajudinha ele seria desmamado. Então logo aconteceu novamente dele ficar 2 dias sem mamar, e no terceiro dia, quando ele pediu, eu falei: "Você já é um rapaz... Ontem você não mamou para dormir e nem antes de ontem, acho que você consegue dormir hoje sem mamar também. Vou ficar aqui com você, te fazendo carinho, até você dormir. Não vou dormir antes de você. Eu sei que você vai conseguir!". E ele dormiu até mais rápido do que eu imaginava.
No outro dia fiz a mesma coisa, e no dia seguinte, nem precisei falar nada. Só fiquei ao seu lado e ele adormeceu.
Ficamos assim por uma semana, ainda em cama compartilhada, e depois desse tempo também começou a dormir em seu quarto, sozinho, sem nenhum problema. Então concluímos já 2 semanas de desmame e 1 semana que dorme em seu quarto.
E assim completamos essa fase, que durou 3 anos 8 meses e alguns dias! Missão cumprida sem traumas, com muita consciência, com muito prazer, amor, satisfação e alegria.