Quantas vezes já ouvimos essa frase?! A grande maioria das vezes por mães desesperadas, que dariam tudo para que o filho comesse nem que fosse só um pouquinho melhor.
Semana passada participei de um evento promovido pela Abbot com o Pediatra e Nutrólogo Dr. Carlos Nogueira, para falar desse assunto tão comum, não só no Brasil, mas no mundo todo: Problemas Alimentares na Infância.
Existem basicamente 3 motivos para justificar uma dificuldade de alimentação:
- Pode ser causa de problemas médicos ou de desenvolvimento;
- Por problemas de comportamento ou psicológicos;
- Na grande maioria dos casos, o motivo está relacionado aos pais, que não seguem uma divisão de responsabilidade correta e interferem na alimentação da criança.
Essa "divisão de responsabilidade" está relacionada ao que você decide, e o que a criança decide na hora da alimentação.
Se seu filho ainda for bebê, você deve decidir com o que alimentá-lo, mas será ele quem deverá decidir quanto comer.
Por exemplo: Eu decidi amamentar meu filho quando bebê, mas ele sempre decidiu quando começar a mamar e quando terminar (livre demanda).
Se seu filho já for maior, você deve decidir "o que", "onde" e "quando", mas ele continua decidindo quanto comer.
Difícil, né não?! A gente sempre tem a tendência de se dar por satisfeita só quando o filho "raspa" o prato! Sem contar que a gente acha que o filho comeu tudo porque a comida que a gente fez estava uma delícia, e isso faz uma certa "massagem" no nosso ego.
Entendida essa parte de divisão de responsabilidade, vamos entender como interferimos na alimentação das crianças.
Existem quatro estilos de paternidade, que resultam em quatro estilos alimentares, baseados nas expectativas de como a criança comerá, e nas reações aos sinais de fome da criança.
1º) Pai/Mãe CONTROLADOR:
- Tenta controlar a alimentação da criança
- Restringe alimentos da criança
- Pressiona a criança para comer
- Soborna a criança a comer com recompensas
- Ignora os sinais de fome da criança
Exemplo: "Se você comer brócolis, você pode tomar sorvete." ou "Dê mais três mordidas, e então você pode brincar."
O que ensinam:
- A comer quando não está com fome
- A comer para agradar outras pessoas ou para obter algo que quer
- Que comer não é prazeroso
- A não gostar de alimentos saudáveis
- A gostar de alimentos não saudáveis
Resultado:
- As crianças ajustam mal as calorias
- Comem menos frutas e legumes
- Têm maior chance de estar acima ou abaixo do peso
2º) Pai/Mãe PASSIVO:
- Desiste das responsabilidades alimentares
- Não estabelece limites
- Ignora os sinais de fome ou as necessidades físicas e psicológicas da criança
O que ensinam?
- Um fraco senso de fome e saciedade
- Uma relutância em provar novos alimentos
- A gostar de comidas não saudáveis
Resultado:
- Maior chance da criança estar acima do peso
3º) Pai/Mãe INDULGENTE:
- Não estabelece limites
- Alimenta a criança com o que, onde e quando ela quer
- Prepara comida especiais para a criança
- Ignora os sinais de fome da criança
O que ensinam?
Da mesma forma que os pais passivos, os indulgentes ensinam:
- Um fraco senso de fome e saciedade
- Uma relutância em provar novos alimentos
- A gostar de comidas não saudáveis
Resultado:
- Maior chance da criança estar acima do peso
- Bebem menos leite
- Comem dietas baixas na maioria dos nutrientes, exceto a gordura
4º) E temos a pratica ideal... Pai/Mãe RESPONSIVO:
- Orienta a alimentação da criança
- Estabelece limites
- Comem como modelo e conversam sobre comida de uma forma positiva
- Respondem aos sinais de fome da criança.
Resultado (que toda mãe quer):
- As crianças comem mais frutas, legumes e derivados do leite
- Comem menos junk food
- Menos chance de estarem acima do peso.
Agora pode falar a verdade, somente a verdade, nada além da verdade...
Qual é o seu estilo alimentar? Como você interfere na alimentação do seu filho?
Eu já passei por todos os estilos e isso depende muito da criança também.
Se a criança por si só, come muito bem, os pais não sentem a necessidade de controlar, e acabam indo pro estilo passivo, e vice-versa.
O estilo alimentar mais usado pelos pais, com 50%, é o Controlador. Este estilo tem sido usado por gerações, com base em medos tradicionais de não se alimentar o suficiente e a criança adoecer.
Se você também tem esse estilo, saiba que a princípio parecem funcionar, mas não ajudam a criança a comer melhor.
As crianças comem menos quando são pressionadas, e não gostam de alimentos que são pressionados a comer.
(Vamos combinar, né?! Nem a gente gosta de ser pressionado a comer o que não gosta, imagina uma criança!)
Restringir uma criança de comer o que ela quer, faz ela querer comer mais, e se ela não puder comer algo, então ela vai querer comer ainda mais.
É aquela velha história do proibido ser mais gostoso.
Já viu tudo o que você faz de errado?!
Agora bora aprender como ter uma prática responsiva e interferir de forma positiva na alimentação de nossos filhos!
- Alimente seu filho quando ele estiver com fome
- Não faça seu filho comer quando ele estiver saciado
- Coma com seu filho e seja modelo de boa alimentação
- Confie que ele vai comer o tanto que precisa
- Converse positivamente com seu filho sobre alimentos e sobre comer
- Estabeleça horários de refeições e lanches
- Não dê nada além de água entre elas
- Sirva uma variedade de alimentos saudáveis
Na prática:
Seu filho pede um lanche logo antes do jantar. Você diz:
"O jantar está quase pronto, você terá que esperar 10 minutos."
O que acontece?
- Seu filho chora e implora por comida nas primeiras vezes.
- Seu filho estará com fome quando o jantar for servido.
- Seu filho estará mais disposto a comer bem e a experimentar novos alimentos.
O que você estará ensinando?
- A diferença entre fome e saciedade
- Experiência com novos alimentos sem estresse
- Padrões de refeições culturais e familiares
- Que alimentos são bons
- Comer é prazeroso
Outras dicas que podem ajudar na hora das refeições:
- Evite distrações no horário da refeição
- Alimente para encorajar a fome
- Limite o quanto as refeições duram
- Sirva alimentos com textura apropriada para a idade
- Tolere a bagunça apropriada para a idade
- Incentive a auto alimentação
- Mantenha uma atitude neutra durante as refeições
- Ofereça novos alimentos consistentemente
Você fez tudo isso e não está dando certo?
Seu filho não está ganhado peso, não come certo grupo alimentar, recusa uma textura ou consistência específica, o comportamento alimentar atrapalha as refeições da família, ou seu filho quer comer, mas parece incapaz?
Se sua prática alimentar for responsiva, não exigindo mudanças comportamentais ou reeducação nutricional, mas tudo continua errado, pode ser um problema médico, de desenvolvimento, comportamental ou psicológico. Sinal vermelho: Procure seu médico!
Então, sabe aquela amiga que alguma vez ja disse "Meu filho não quer comer"? Clique AQUI e compartilhe essa postagem com ela.
Então, sabe aquela amiga que alguma vez ja disse "Meu filho não quer comer"? Clique AQUI e compartilhe essa postagem com ela.
E para terminar, gostaria de agradecer a Abbot pelo convite, que além de enriquecedor, ainda deu a oportunidade de conhecer e encontrar outras amigas blogueiras:
- A Karine, do Nutrição Infantil (que até escreveu uma postagem AQUI no blog sobre amamentação)
- A Shirley, do Macetes de Mãe
- A Flavi, do Bicho Mãe
- A Andrea, do Coisas da Lara
- A Thais, do Dudu e eu + 2
- A Paola, do Maternidade Colorida
- A Gabis, do Bossa Mãe
- E a Thaty, do Entre Fraldas e Livros
Adorei! Até a próxima, meninas!
Bjocas!
Bjocas!
Super post! Obrigada Line! Também passo por isso com meu pequeno!
ResponderExcluirBjs.
Aline - www.bomboneca.blogspot.com.br
Obs.: vou compartilhar o post no meu blog ok.
Obrigada, Aline.
ResponderExcluirComplicado, né?! Difícil fazer tudo certinho, mas um dia a gente aprende! kkk
Pode compartilhar! =)
Bjocas!
Amei o post...
ResponderExcluirAcho que fico entre a controladora e a responsiva...
Com certeza mudanças de hábitos são necessárias.
Parabéns!!!!
Neide,
ResponderExcluirObrigada! Eu também acho que estou entre controladora e responsiva, mas também ja tive meus momentos de passividade e indulgência. rsrs
Bjos!