O que você precisa para ser feliz?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Estou com uma visita ilustre em casa: minha mãe, uma senhora de 74 anos que tem 8 filhos, 16 netos e 2 bisnetas.
Ela é uma verdadeira Contadora de Histórias, e eu adoro ouvi-la contar os "causos" de antigamente. Gosto quando me fala sobre sua infância, seus irmãos, a vida na fazenda, ou do único ano que foi à escola.

Minha mãe se casou com 18 anos e com 34 anos nasceu seu sétimo filho, e só depois de dez anos, quando já tinha 44 anos, eu nasci. Não fiz parte da infância dos meus irmãos e por isso também gosto de ouvir suas histórias, como cuidava de tantas crianças, como eram, as coisas que aconteciam, que faziam, o que aprontavam, o que vestiam, o que comiam... Fico muito feliz quando ela pode vir para São Paulo me visitar e contar algumas histórias.

Esses dias minha mãe estava me descrevendo como era a sua casa pouco tempo depois de se casar. 
Disse que as paredes da casa eram feitas com umas tábuas largas, tipo tapume. Era coberta com telhas e o chão era de terra batida, onde passava uma mistura de água com esterco e cinza para deixar o chão bem lisinho.
A casa tinha apenas dois cômodos: quarto e cozinha. Só. Nem banheiro tinham. Minha mãe esquentava água e tomavam banho em uma bacia, e faziam suas necessidades no mato mesmo.
No quarto havia uma cama "de arame", como chamavam (não sei como é isso), com um colchão de palha e dois berços, um de cada lado da cama. Nessa época ela já estava casada há quatro anos e grávida do terceiro filho. Tinha outra cama feita com dois cavaletes e algumas tábuas, onde se colocava um colchão de palha, e era uma cama especial para receber as visitas. Guardava dentro de um baú de madeira (que existe até hoje e eu já pedi como herança) toda a roupa da casa, dos meus pais e das crianças bem dobradinhas, passadas com um ferro à brasa.
Na cozinha, um armário pequeno com cinco ou seis prateleiras, um lindo fogão à lenha, uma mesa com algumas cadeiras e um banco de madeira.
Buscavam água no poço do vizinho para a lavar a louça, a roupa e para o banho, e não passavam necessidades, pois havia muitas frutas, legumes e verduras, vaca de leite, e frango caipira.
Essa casa ficava numa fazenda em que meu pai trabalhava num distrito chamado Floriano, pertencente à cidade de Maringá, no Paraná. Mesmo grávida minha mãe também ia para a roça junto com meu pai e levava as crianças, que ficavam brincando por perto, ou sentadas sobre um pano estendido no chão, enquanto eles trabalhavam na plantação de café.

Me contou que uma vez recebeu uma visita de uma mulher que morou na fazenda. Seu marido não tinha um trabalho fixo, ia de fazenda em fazenda levando apenas algumas roupas, louças e uma capa de colchão, para encher de palha e dormir no lugar que estivessem. Minha mãe lhe mostrou o enxoval do meu irmão que nasceria em pouco tempo, casaquinhos de flanela branca, com barradinho de crochê em volta e com bordados. A mulher, que também estava grávida, falava: "Que casa linda que você tem, Luiza! Tão arrumadinha! Tão limpinha! Que inveja! Queria uma casa igual a sua. Vou bordar uns lençóis pra ficar como os seus e também vou fazer um enxoval igual o seu para o meu filho."

Apesar de tanta simplicidade, minha mãe não falou tudo isso para dizer como a vida era difícil e sofrida, mas disse que não precisava de muita coisa para ser feliz, que não faltava nada e que foi muito feliz nesse lugar.

Hoje a gente acha que precisa de tanta coisa, não é mesmo?!
Não vivemos sem celular, computador e internet banda larga. Precisamos de uma casa super equipada com todos os eletrodomésticos possíveis e imagináveis, microondas, lavadora de louça, lavadora  e secadora de roupas, ar condicionado, uma TV LED Full HD 60", tv à cabo, e é claro, um XBOX 360 com kinect.

Nossos filhos precisam das melhores roupas e calçados, precisam de muitos brinquedos, precisam estudar na melhor escola particular da cidade, e ter uma super festa de aniversário.

Precisamos viajar nas férias, conhecer o mundo, trocar de carro todos os anos, precisamos de uma casa nova e maior, precisamos disso, precisamos daquilo, e daquilo outro também!

Sabe o que é pior? Mesmo com tantas facilidades da vida moderna, nunca temos tempo pra nada. E sabe o que é ainda pior? Nunca estamos satisfeitos com o que possuímos, e essa eterna insatisfação nos tira a benção da gratidão e o gostinho da felicidade.

Fico contente de ter uma mãe que muito me ensina através de seu exemplo e de sua história de vida, e desejo ter a mesma importância para o meu filho, fazendo-o refletir, ensinando e transmitindo os mesmos valores que tenho aprendido.

E você, o que realmente precisa para ser feliz?


Dica para responder a pergunta nº 2:
O Davi é filho único, mas nem assim escapou da comparação.

3 comentários:

  1. Que lindo post amiga, sempre digo que na infacia eu era feliz e não sabia, porque tive a oportunidade de morar no interior ir pra roça subir em arvores, tomar banho de rio... Tempo bom que não volta!
    E quanto a pergunta, o que eu preciso pra ser feliz? hehe tá ai um caso pra se pensar! kkkkkkkkk

    Beijão, tenha um lindo dia!

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  2. Lindo post, linkei no meu blog!

    Beijo!!

    Mariáh
    cartasaomeubebe.com

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