A lenda do cordão assassino

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Muitas gestantes acreditam numa lenda contada por seus médicos.


Diz a lenda que o cordão umbilical se apega demasiadamente ao feto e desenvolve um sentimento extremo de proteção por ele. Com sensibilidade apurada, o cordão umbilical percebe que a hora de ser cortado e separado para sempre do bebê se aproxima. Então, tomado por um sentimento extremo de posse, ciúme, e ânsia por impedir o seu nascimento, enrola-se por todo o corpo do bebê, principalmente no pescoço onde dá várias voltas para garantir que ele jamais o abandone, e acaba provocando o seu enforcamento. Mas, graças a Deus e a nossa senhora dos super-heróis, o Dr. Terrorista detecta esse perigo iminente de sufocamento e falta de ar, marca uma cesárea de emergência, e salva a vida do bebê.


Então você me pergunta:
_ Mas isso não acontece todos os dias, como pode ser apenas uma lenda?


E eu te respondo:
1° O cordão pode dar uma, duas... cinco voltas no pescoço, que isso não significa que o bebê ficará asfixiado. Ele não respira, aliás o pulmão nem está em funcionamento.
2° Nesse momento é mais importante pensar nas condições do cordão, do que nas condições do bebê, mas a geleia que recobre o cordão o protege, e sempre há espaço para que o sangue transite.
3° Se houver uma diminuição na passagem de oxigenação, jamais será abruptamente, mas gradativamente e poderá facilmente ser identificado durante o trabalho de parto.
4° Não é porque o cordão enrolou que ele não pode se desenrolar novamente. O bebê se mexe e o cordão desenrola. Simples assim.
5° No caso de cordão muito curto e o bebê se enrolar, isso pode ser percebido durante o trabalho de parto, pela escuta dos batimentos cardíacos do feto.
6° Pelo menos em 30% dos partos, o bebê nasce com circular de cordão. Se esse fosse motivo para cesárea, a OMS recomendaria pelo menos esses 30% como taxa aceitável de parto cesariano, mas apenas 15% é o recomendado.
7° O tórax do bebê é comprimido ao passar pelo canal de parto, fazendo que todo líquido existente no pulmão seja eliminado, facilitando a respiração.
8° A cesárea eletiva (pré agendada) aumenta o risco de parto antes que o pulmão esteja completamente desenvolvido, o que eleva a taxa de internação na UTI neonatal para 12%, sendo que a taxa de internação em partos normais é apenas 3%.
9° O pulmão é o último órgão a ser desenvolvido. Quando está pronto envia hormônios para a mãe que que dão o sinal de que o bebê está pronto para nascer. Então, o corpo da mulher libera a ocitocina e dá início ao trabalho de parto.
10° O desconforto respiratório pode levar a quadros de insuficiência respiratória e até favorecer a pneumonia.


O meu filho nasceu num parto natural domiciliar e possuía duas circulares no pescoço. Os batimentos cardíacos foram ouvidos algumas vezes durante o trabalho de parto e sempre esteve muito bem, obrigada.

Então, se o seu médico faz o estilo do "Dr. Terrorista" e te deixa amedrontada, cai fora! Empodere-se e escreva um final feliz para a história da sua gestação e do nascimento do seu filho.


Um beijo.


Sobre esse mesmo assunto, recomento também que você leia AQUI o texto "Circular de cordão ou cordão enrolado no pescoço" do Médico Obstetra e Homeopata, Dr. Ricardo Herbert Jones.

6 comentários:

  1. Ai Line, esses médicos terroristas estão por toda parte...
    Só espero que quando eu tiver meu segundo bebê (que ainda estamos providenciando) eu consiga um parto normal, pois na minha primeira gestação fiz uma cesárea porque meu médico não me apoiou para que fosse diferente.
    Bjs.

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  2. Podem até ser médicos terroristas, mas vi um caso muito triste no hospital onde meu bebê passou 21 dias internado: uma bebê teve que ser o braço amputado, porque durante a formação, o cordão umbilical se enrolou em seu braço, causando a necrose do membro. Foi chocante para mim ver o braço daquela bebê sendo feito curativo dia após dia depois da amputação por conta de algumas voltas do cordão umbilical.

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  3. A questão é decidir pelo que é melhor para o bebê e não para o médico ou para amenizar o medo da mãe. Se a criança teve que amputar o braço por causa do cordão foi porque não houve um acompanhamento adequado no pré-natal, no meu ponto de vista. Mas existem casos e casos, então os médicos deveriam pensar mais em saúde e não no bolso... E, muito bom o texto recomendado também. bjs

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    1. uma curiosidade: o que poderia ter sido feito no pré-natal caso fosse detectado?

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  4. Já tinha escutado coisas sobre o cordão umbilical, mas a lenda foi boa demais "sorri"!

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  5. Existem casos e casos.... o meu bebê conseguiu uma proeza rara... deu uma laçada no cordão e conforme foi se desenvolvendo, a laçada foi se fechando... foi feito uma cesárea e qdo o bb foi retirado, ele tinha realmente um nó, bem fechado, no cordão... Os nós verdadeiros possuem um índice de 6% de óbito fetal... Graças a Deus, não tivemos complicações e meu bb é super saudável...

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